quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

NATAL

Os festejos do Natal na nossa terra estão longe de serem o que eram, escasseia a gente, o bairrismo e a tradição esvai-se.

Para os madeiros trabalhava-se arduamente desde muito cedo. Os grandes toros eram carregados pelas juntas de bois e era tarefa dos mais velhos, enquanto a criançada puxava por pernadas até ao local das fogueiras.

Estava sempre presente a rivalidade entre a Vila, O Arrabalde, a Devesa e o S, Pedro, pois cada um queria ter o madeiro maior na noite de Natal.

Junto dos madeiros cantavam-se cânticos alusivos ao nascimento do Menino Jesus, enquanto a fogueira era atiçada por cachaporradas, soltando fagulhas e  irradiando alegria.

O garrafão do vinho circulava ao compasso de toca lá zamburra, ela não quer tocar, vamos p´ra taberna, a emborrachar.
Este ano a tradição cumpriu-se embora sem o calor e a euforia do passado, a Junta de Freguesia arregaçou as mangas e sem esperar pela malta lá se encarregou de distribuir madeiros pelos quatro bairros. A missa do Galo, que era para cantar à meia-noite, cantou mais cedo, uma vez que o Padre José António não tem mãos a medir e outros paroquianos também esperavam por ele.

Só o Jantar continua a reunir a família como antigamente, felizmente que assim é. A noite da consoada inicia-se com o tradicional jantar das couves com bacalhau e ainda há os que teimam em fazer as filhós ao lume, brindando a pequenada com pequenas filhós de formas divertidas.
Á meia-noite ou na manhã do dia de Natal as crianças corriam para o sapatinho, que estava junto da chaminé, para ver a oferta do Menino Jesus. Não havia pai natal a rir-se com riso de quem parece estar bêbado, hã, hã, hã! Outros tempos!

Dia de Natal, veste-se uma fatiota a rigor e passeia-se pela aldeia, revisita-se o madeiro e mata-se saudade com os amigos relembrando-se os tempos passados.

Como é normal também esta quadra é propícia a cânticos saudando o Messias, relembramos alguns:

Vamos ver a barca bela
Que fizeram os Pastores
Nossa Senhora vai nela
Toda coberta de flores

Vamos ver a caravela
Que se vai deitar ao mar
Nossa Senhora vai nela
E os anjos vão a remar

Alegrem-se os Céus e a terra
Cantemos com a alegria
Já nasceu o Deus Menino
Filho da Virgem Maria

Ó meu Menino Jesus
Ó meu Menino tão belo
Logo vieste nascer
Na noite do caramelo

  Entrai Pastores, entrai
Por esses portais sagrados
Vinde adorar o menino
Nestas palhinhas deitado

De quem são as camisinhas
Que estão na relva a corar
São do menino Jesus
Para a noite de Natal

Do vão nasceu a vara
Da vara nasceu a flor
Da flor nasceu Maria
De Maria o redentor

Xarupa, tá, tá
Xarupa, tá, tá
Natal, Natal
Filhóses com vinho
Não fazem mal

(fotos de Silvia Chambino)

2 comentários:

Unknown disse...

Parabéns por tanto gostar do Rosmaninhal, é bonito não deixar morrer a nossa aldeia, é sempre bom divulgar os lugares que nos fizeram e fazem tão felizes. Continue e dignifique sempre o Rosmaninhal!!!

Maria disse...

muito bem gostei muito per se terem lembrado do rosmaninhal.

beijos da maria chambino